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Saber resolver os conflitos

As disputas, os conflitos, os desacordos fazem parte da vida de um casal. Cada casal procura naturalmente resolver os conflitos de forma pacífica e construtiva. Mas, muitas vezes, tal não acontece. Somos capazes de nos magoar um ao outro, de gritar, criticar, acusar e tentar culpar o nosso parceiro ou parceira. Realçamos as fraquezas da outra parte e tentámos mudá-la. Regressámos sempre a velhas histórias, agarrados à nossa forma de ver as coisas, a ver se temos razão. Ou então, não dizemos aquilo que nos incomoda, até que explodimos furiosos. Por vezes, reagimos de forma muito violenta a pormenores que não nos deviam incomodar, porque nos sentimos ofendidos e desvalorizados pelas críticas da outra parte. Começamos a justificar-nos e a defender-nos.

Com certeza que a maioria das pessoas procura evitar o conflito. Não gostámos daquilo que nos transformámos durante uma discussão, em especial na nossa relação, na qual aspirámos à harmonia e à segurança e não aos conflitos e às injúrias. Quantas vezes constatámos que não é fácil mudar a nossa atitude perante o nosso parceiro ou parceira? Assim, encontrámo-nos com frequência no mesmo caos emocional, o que é absolutamente normal. Os maus hábitos são difíceis de abandonar até aprendermos um novo comportamento, mais adequado, que nos ajude a considerar algumas soluções. A atitude adequada para enfrentar as diferenças de opinião não é inata, por isso é que reagimos quase sempre da mesma maneira nas situações de conflito. Mas isso leva-nos sempre ao mesmo resultado e nunca traz a devida solução para o conflito.

De modo a encontrarem juntos uma solução, o mais adequado é averiguar o que queremos um do outro e como vamos fazer a nossa vida juntos. Quando tomámos em consideração as nossas necessidades e as dos outros, assim como as exigências decorrentes da nossa vida de casados – o que é provavelmente o mais difícil – podemos ter acesso a uma solução satisfatória para ambas as partes. Deste modo, as diferenças até podem ser enriquecedoras para a relação.

Como analisar e resolver bem os conflitos?

Em primeiro lugar, é necessário criar um espaço para a gestão de conflitos. As diferenças de opinião devem ser esclarecidas no seio do casal. Os mal-entendidos podem acontecer com frequência devido à pressão do tempo. Quando é necessário encontrar um caminho em comum, devo concentrar toda a minha atenção em mim e na outra pessoa. Isto é impossível se estou a pensar naquilo que devo fazer no dia seguinte em casa ou no trabalho. Precisámos de tempo e de um ambiente tranquilo para nos abrirmos à outra parte para conversar e escutar.

Um conflito só pode ser resolvido pelas duas pessoas envolvidas. Muitas vezes, duas pessoas estão em desacordo porque uma terceira pessoa está envolvida no conflito. Podem ser as crianças, os amigos, os pais ou os colegas. Normalmente associámo-nos a um cúmplice ou a um ‘advogado’ que toma o nosso partido, em vez de nos ajudar a abrir-nos para o outro. Assim, evitámos, muitas vezes, mostrar as nossas vulnerabilidades e defender as nossas necessidades.

Para que um conflito não termine de forma dolorosa, pode ser útil aplicar alguns conselhos de psicologia da comunicação. Eles são simples e permitem gerir melhor a comunicação em situações de conflito:

Mantenha-se no momento presente

Se existe um conflito entre nós, é inútil discutir o que foi ou o que será. O passado não pode ser alterado e o futuro é desconhecido. Falar de outros tempos afasta-nos daquilo que se passa no momento. É possível uma comunicação construtiva se tivermos estas questões em mente:

Como me sentiria na tua pele? Como é que se sentem na minha presença? O que é que queremos? Como nos comportámos um com ou outro?

As respostas as estas questões levam-nos a encontrar soluções em comum.

A atitude de “querer compreender”

Frequentemente, os comportamentos nocivos e destrutivos são provocados pelas nossas feridas e pelo nosso medo de sermos feridos novamente. Por vezes, os sentimentos de vergonha ou de culpa podem bloquear-nos. Para manter um diálogo aberto, é útil não interpretar de forma pessoal e imediata as palavras e os atos da outra parte, nem os interpretar como um ataque ou uma critica. É aconselhável verem a situação em conjunto e perceberem o que está realmente na origem de tal comportamento ou de tais palavras.

Mesmo nas situações difíceis em que não compreende, de forma alguma, outra atitude, é aconselhável tentar perceber se existe uma intenção positiva em tais palavras ou atos que possa ser benéfica.

Críticas e expectativas

Uma das regras mais importantes da comunicação num casal, em especial quando surgem os conflitos ou os diferendos, diz respeito às críticas e às expectativas.

De acordo com esta regra, em vez escolhermos expressões baseadas em críticas, devemos procurar reformular a ideia em termos de necessidades e expectativas. As acusações são um veneno para as relações. Elas constituem um obstáculo quando se procura encontrar uma solução para um problema. Estas acusações estão normalmente ligadas a eventos negativos do passado que não é possível alterar, de modo nenhum, mas que auguram um mau futuro, porque não conseguimos expressar com clareza aquilo que desejámos no amanhã.

Exprimir as nossas necessidades e expectativas é mais positivo do que dizer à outra parte aquilo que nos aborrece e que desejámos mudar. Os nossos desejos podem ser formulados de diversas formas: ficarei feliz seeu espero quegostaria que… para mim é importante que…

Criticar o comportamento e não a pessoa

Por vezes, a crítica pode ser apropriada e justificada. Para que a crítica seja aceite e conduza a mudanças positivas, é importante criticar de forma concreta o comportamento que nos incomoda. Muitas vezes, durante uma discussão, dizemos coisas que criticam a pessoa como um todo: “como pudeste ser tão estúpido?” ou “tu és incapaz de fazer as coisas bem-feitas!”. Deste modo, quem é criticado sente-se desvalorizado, magoado e atacado. Depois disto será quase impossível para ele aceitar as críticas e procurar melhorar. Ao formular uma crítica deve substituir-se as acusações vagas, tais como: “tu és negligente!”, por descrições concretas, como: “à noite, depois do jantar, não levantas a mesa, nem vais despejar o lixo. Incomoda-me, sinto-me mal numa cozinha desarrumada e depois tenho que me levantar cedo para limpar as tuas coisas. Ficaria muito feliz se, no futuro, tu…”

As generalizações matam a comunicação

Tu deves sempre…” e “Tu nunca fazes…”. São frases que nunca gostámos de ouvir da parte do nosso parceiro ou parceira. Os termos “sempre” e “nunca”, raramente são verdadeiros em relação ao comportamento. Assim como as alegações, estas expressões fecham a porta às melhores soluções. Quando somos confrontados com tais palavras, deixamos de estar disponíveis para uma discussão, nem queremos escutar aquilo que outra pessoa tem para nos dizer. Contudo, é muito mais fácil aceitar os argumentos e os desejos do nosso parceiro, ou parceira, se existir uma descrição especifica dos incidentes que provocaram a sua irritação, evitando as generalizações.

O valor de ser apreciado

Com todas as críticas que dirigimos ao nosso parceiro, ou parceira, muitas vezes esquecemo-nos de valorizar aquilo que ele ou ela nos dá, que já fez ou mudou até agora. É inútil desvalorizar-nos com críticas mútuas. Uma discussão só é válida e construtiva quando demonstrámos reconhecimento e apreço pelos outros.

Estas regras de comunicação não são apenas válidas no seio de um casal, elas servem também para serem aplicadas em qualquer discussão.

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